domingo, 17 de junho de 2012

As 9 principais etnias africanas

Zulu -> é o maior grupo étnico na África do Sul, sendo a sua população de mais ou menos 11 milhões de pessoas   e eram considerados como cidadãos de terceira classe durante o regime do apartheid. O atual presidente da África do Sul (Jacob Zuma) é de origem étnica Zulu.
Xhosa -> é o segundo maior grupo étnico da África do Sul, contando com personalidades como Nelson Mandela;  A população Xhosa se concentra na região da Cidade do Cabo, a qual eles chamam de iKapa.

Basotho -> Os Basothos, ou basuto, vivem na região da África do Sul desde meados do século V em clãs dispersos, contando com uma população em torno de 3.5 milhões na África do Sul .

Bapedi -> Os Northern Sotho estão espalhados pelas províncias de Gauteng, Limpopo e Mpumalanga e contam com aproximadamente 4 milhões de pessoas. A grande maioria dos Bapedi encontra-se na província de Limpopo (± 2.6 milhões), sendo praticamente 50% da população local. Na região de Johannesburg são 1.5 milhões de pessoas, enquanto que em Mpumalanga são mais 350 mil.

Venda -> A etnia Venda conta com aproximadamente 1 milhão de pessoas espalhadas entre a África do Sul e o Zimbabwe. Este povo é originário do Congo, e se especula que imigrou para a região fronteiriça entre o Zimbabwe e a África do Sul seguindo o rio Limpopo durante a fase de expansão Bantu. 

Tswa na-> etnia encontrada em sua grande maioria na África do Sul, em Botswana, e em pequenas proporções no Zimbabwe e Namibia. A população de Botswana é composta pela maioria de Tswanas, mas é na África do Sul que encontra-se o maior número absoluto desta etnia.

Tsonga -> Os Tsongas são encontrados na província de Limpopo (18% )  Mpumalanga (11%) e no sul de Moçambique, tanto na região de Gaza quanto de Maputo. 

Swazi ->  os Swazi possuem um estado independente encravado na África do Sul (Swazilandia). Contam com uma população total de 3.5 milhões de pessoas, sendo que mais ou menos 1 milhão habita a Swazilandia. 

Ndebele -> etnia que conta com uma população em torno de 700 mil pessoas, concentradas em sua maioria no região de Pretoria (Gauteng). Como para outras etnias, esta durante o regime do apartheid possuía um estado autônomo no que hoje é parte da província de Mpumalanga.  

Fonte: http://iseu-tribos.blogspot.com.br/2011/05/as-9-etnias-da-africa.html

Investimentos do Brasil no Continente Africano

Ainda como investidor pequeno, Brasil está na corrida para fincar pé na África

Paula Adamo Idoeta
Da BBC Brasil em Londres
Atualizado em 9 de maio, 2012 - 05:50 (Brasília) 08:50 GMT

O Brasil ainda abocanha uma parcela pequena das oportunidades de negócios na África, mas tenta ampliar seus investimentos para "fincar o pé" no continente. Para alguns analistas, porém, o país ainda está perdendo chances de crescer no outro lado do Atlântico.

                           Presença brasileira é mais forte em Angola (foto) e Moçambique
Segundo estudo recém-lançado pela consultoria Ernst & Young, o Brasil está no fim da lista dos 30 maiores investidores da África, respondendo por apenas 0,6% dos novos projetos de investimentos diretos estrangeiros (FDI, na sigla em inglês) no continente entre 2003 e 2011.
Em comparação, os EUA abocanharam 12,5% dos novos projetos; a China (Hong Kong incluída), 3,1%; e a Índia, 5,2%.
Na última quinta-feira, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) realizou seminário, no Rio, para debater a cooperação com o continente africano.
Na ocasião, o banco BTG Pactual afirmou a intenção de captar US$ 1 bilhão para investimentos do setor privado brasileiro na África, em áreas como energia, infraestrutura e agricultura, relata O Estado de S. Paulo. A Eletrobrás também estuda hidrelétricas em Angola e Moçambique, e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, pediu mais aportes do G20 (grupo das maiores economias do mundo) ao Banco Africano de Desenvolvimento.
Investimentos e o desenvolvimento do continente africano também serão debatidos pelo Fórum Econômico Mundial, em reunião na Etiópia, entre quarta e sexta-feira, que tem como tema as transformações em curso na África.

'Perdendo oportunidades'

Os investimentos brasileiros em terras africanas cresceram 10,7% entre 2007 e 2011, mas em índices menores que outros emergentes - a taxa da Turquia, por exemplo, foi de 49,5% no período, aponta o relatório.
"Nossa visão é de que as companhias brasileiras estão perdendo oportunidades na África", disse à BBC Brasil Michael Lalor, diretor do Africa Business Center da Ernst & Young. "Foram 33 projetos de investimento estrangeiro direto do Brasil na África desde 2003 - menos de 1% do total."
E, com o crescimento do mercado consumidor africano, "surpreende que empresas brasileiras de consumo - serviços financeiros, varejo, telecom - não estejam mais ativos no continente", agregou. Para o executivo, há também expectativas de que o Brasil "use seu expertise em biocombustíveis para investir mais fortemente nisso".

Projetos mais agressivos de investimento na África são de Índia e China (foto acima, no Congo)
Já há alguns ensaios nesse sentido. Em 2011, as empresas brasileiras Guarani e Petrobras assinaram um memorando de intenções de estudar a viabilidade de produzir biocombustível em Maputo, Moçambique.

Laços históricos

"O Brasil tem laços históricos e significativos com partes do continente", ressaltou Ajen Sita, presidente-executivo da E&Y na África, em referência aos fortes investimentos brasileiros em países de língua portuguesa, como Moçambique e Angola, visitados pela presidente Dilma Rousseff no ano passado.
O primeiro país abriga empreendimentos da Vale e da Odebrecht, uma das maiores empregadoras locais; o segundo é o maior receptor dos investimentos brasileiros no continente (R$ 7 bilhões, segundo estimativas de 2011 da Associação de Empresários e Executivos Brasileiros em Angola). Empresas como Petrobras e construtoras como Odebrecht e Andrade Gutierrez têm operações sólidas ali.
Indo além da África lusófona, porém, a presença brasileira ainda é tímida. "O Brasil ainda não investe (o suficiente) para fincar seu pé de uma maneira mais abrangente na África", agregou Ajen Sita.
Mas, para a diretora reginal da África da Economist Intelligence Unit, Pratibha Thaker, o Brasil está seguindo um curso natural. "Não acho que o país tenha desperdiçado oportunidades. Começou com os países de língua portuguesa e agora está avançando para outros - por exemplo a África do Sul, onde mira o varejo e a agricultura", afirmou à BBC Brasil.
"É a primeira vez que o continente africano está sendo encarado com seriedade pelo mundo (como um polo de oportunidades). E o Brasil, ao contrário da China, é bem visto por sua tendência a empregar mão de obra local, transferir tecnologia."
Ela adverte, porém, que espaços não ocupados por outros países na África serão tomados por investimentos chineses e indianos.

Avanços e recuos da África


Demanda por infraestrutura ainda é grande no continente africano
O relatório da Ernst & Young aponta que, entre 2010 e 2011, cresceu 27% o número de projetos financiados por investimento direto estrangeiro na África. Os principais receptores são África do Sul, Egito, Marrocos, Argélia, Tunísia, Nigéria e Angola.
Mesmo assim, o continente abocanha apenas 5,5% do total dos investimentos estrangeiros - algo que, na opinião de Ajen Sita, "não reflete o potencial econômico da África".
Isso é atribuído à desconfiança de muitos investidores com relação à instabilidade política, à corrupção e às dificuldades em fazer negócios atribuídas aos países africanos.
No levantamento feito pela E&Y, empresários sem presença na África veem a região como "a menos atrativa para negócios do mundo". No entanto, diz a consultoria, quem já faz negócios na África tende a melhorar sua percepção sobre o continente e a considerá-lo quase tão atrativo quanto a Ásia.
Também cresce o volume de negócios entre países africanos, enquanto velhos desafios permanecem: a infraestrutura continental é deficiente e requer investimentos de mais de US$ 90 bilhões, apontou Sita.
Outro antigo desafio é a estabilidade continental - um problema antigo que atualmente se manifesta com os levantes da Primavera Árabe e com golpes de Estado em países como Mali e Guiné-Bissau.
Em resposta a isso, o relatório da E&Y afirma que, apesar de focos de conflitos, "a democratização africana é algo real, com os Estados unipartidários se tornando cada vez mais a exceção, em vez de a regra".

www.bbc.co.uk/portuguese/.../120504_brasil_africa_fdi_pai.shtml

Investimentos no Continente Africano

Seminário no BNDES destaca oportunidades de investimento e cooperação no continente africano


03/05/2012

O BNDES recebeu nesta quinta-feira, 3, o seminário “Investindo na África: oportunidades, desafios e instrumentos para cooperação econômica”. O evento faz parte das comemorações pelos 60 anos do Banco, e contou com a presença do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, de representantes do Governo Federal, de instituições africanas e de empresários.
Em seu discurso, Lula considerou que discutir as relações entre o Brasil e a África é especialmente importante “neste momento em que o mundo enfrenta uma crise econômica de grande magnitude, que afeta a todos nós e é respondida pelos países ricos sempre do mesmo modo: com austeridade”. “Pedem austeridade aos países mais pobres, aos trabalhadores, mas aprovam pacotes de apoio ao sistema financeiro. Ou seja: punem as vitimas e premiam os algozes”, afirmou o ex-presidente.
Ele destacou o Programa para o Desenvolvimento da Infraestrutura na África (PIDA, da sigla em inglês), que os 54 países do continente aprovaram em janeiro. “O momento é de ousadia, não de passividade. O tempo é de solidariedade entre as nações, não de opressão dos mais fortes sobre os mais fracos”, disse.
O secretário-geral adjunto da ONU Carlos Lopes concordou que, quando se fala de África, “o peso do desconhecimento é muito grande” e aproveitou para apresentar algumas “boas notícias” sobre o continente. “Em várias zonas da África, já há unidade monetária e integração aduaneira. Isso, que está causando problemas agora na Europa, não acontece na África. Os bancos africanos não quebraram na crise financeira”, disse.
Lopes lembrou que, diferentemente do que pensa a maioria das pessoas, as commodities representam apenas 30% do PIB africano, notando também que o continente quadruplicou suas reservas nos últimos quatro anos. Segundo ele, países como Argélia, Nigéria, Líbia, Angola e Botsuana tem uma relação entre dívida e PIB menor, inclusive, que o Brasil.
Lopes destacou também um contexto macropolítico que considera favorável, como a situação de relativa paz, “diferente de quando tínhamos muitas guerras civis em curso”, e os avanços em relação à estabilidade política na maioria dos países, embora ainda haja alguns conflitos.
O economista-chefe do Banco Africano de Desenvolvimento, Shem Simuyemba, apresentou números do PIDA. As obras de infraestrutura energética do programa têm custo estimado de US$ 40 bilhões, e o programa de transporte, de US$ 25 bilhões. Ele ressaltou, porém, que os 36 projetos previstos no programa ainda não têm funding e representam, portanto, grandes oportunidades dei nvestimento.
Nesse sentido, o decano do corpo diplomático da Embaixada do Zimbábue, Thomas Sukutai Bvuma, destacou a necessidade de maior flexibilidade na aceitação de garantias e da utilização dos próprios projetos como garantia (project finance).
Encerrando o evento, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, destacou a importância da cooperação na área financeira, entre os bancos públicos, privados, multilaterais e o mercado de capitais. Ele adiantou que BNDES e o Banco Africano de Desenvolvimento estão trabalhando na elaboração de um fundo de estruturação de projetos. Makhtar Diop, vice-presidente para a África do Banco Mundial, afirmou que a instituição está disposta a colaborar com a iniciativa.
Para Coutinho, a integração do Brasil com a África traz oportunidades não apenas para as grandes empresas, mas também para companhias de médio porte. Segundo ele, alguns setores atrativos nesse sentido são açúcar e álcool, telecomunicações, energia, energias renováveis, petroquímica, siderurgia, industria automotiva, bens de capital, varejo, transportes, serviços bancários e fármacos.
Coutinho foi o mediador de um debate que reuniu Diop, Lopes, a presidente da Petrobras, Graça Foster, o presidente da Vale, Murilo Ferreira, e André Esteves, CEO do BTG Pactual, em torno do tema “O Brasil e a África Hoje”.

www.bndes.gov.br/SiteBNDES/.../20120503_seminario.html

sábado, 9 de junho de 2012

Infográfico dos principais conflitos na África

Uma ferramenta muito utilizada na internet atualmente são os infográficos. Muito dinâmicos, permitem a visualiazação de diversos conteúdos de maneira rápida, pratica, e muito interativa.
O BOL montou um infográfico muito interessante sobre os principais conflitos na África e vale a pena dar uma conferida.

http://noticias.bol.uol.com.br/infograficos/2010/02/04/conheca-os-principais-conflitos-na-africa.jhtm

Coluna de Opinião: Conflitos na África

Para quem não conhece existe um site onde estuda-se aprofundadamente o continente africano, o Africanidade aparece com muitas informações muito interessantes, e o destaque de hoje vai para a coluna de opinião escrita por Nereide Cerqueira.

Conflitos africanos envolvem múltiplos factores

 Guerras tribais, genocídios, diversidade étnica. Essas são algumas das ideias que vêm à cabeça quando se pensa nos conflitos do continente africano. Mas, ao se considerar apenas o factor étnico como causa, perde-se a chance de compreender cada conflito, considerando múltiplos factores. "Muitas podem ser as causas determinantes e, mesmo que existam algumas que são comuns à maior parte dos conflitos, sempre há especificidades", ressalta Pio Penna Filho, historiador e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Em conflitos como o de Ruanda, por exemplo, prevalecem factores étnicos. No Sudão, factores religiosos. No caso recente do Quénia, questões políticas e de poder assumiram maior importância. "Cada conflito deve ser estudado nas suas características próprias, inclusive, analisados em perspectiva histórica, para que possamos melhor compreendê-los. Não acredito em generalizações, ainda mais quando se trata de um continente tão amplo e diversificado em termos culturais como o africano", diz o historiador.

A escassez de recursos, associada ao aumento da demanda por parte de uma população pobre e, em muitos casos, miserável, são elementos que pesquisadores consideram relevantes para pensar nos conflitos africanos. A incapacidade dos governos atenderem essas demandas provoca, por vezes, uma reacção violenta por parte de sectores sociais que se sentem abandonados pelo Estado. O prolongamento dos conflitos nos Estados, também tem sido associado à possibilidade dos grupos rebeldes se “auto-financiarem”, como foi o caso de Serra Leoa e Angola (nos quais os rebeldes controlavam minas de diamantes). “Vale lembrar também que durante a década de 1990, a mais violenta para a África no período pós-independência, havia muito armamento disponível no mercado internacional e a preços relativamente baixos e quase sem nenhum controle internacional”, esclarece Penna.

A combinação entre os múltiplos factores complica a possibilidade de uma explicação simplista dos conflitos. Paulo Fagundes Visentini, professor de relações internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador do Centro de Estudos Brasil-África do Sul, diz que a falta de desenvolvimento económico, o traçado artificial das fronteiras e a dimensão inviável de muitos países, legados pelas potências europeias, potencializam as contradições normais do continente. Para ele, os conflitos são deformados pelo colonialismo e neocolonialismo, que, desde o fim da Guerra Fria, vêm adquirindo uma dimensão propriamente mais africana.

Durante a Guerra Fria, a África (com excepção da África Austral) foi influenciada pelas ex-metrópoles, mas, com a globalização, a Europa perdeu enormemente sua influência e os EUA apareceram com a agenda da segurança anti-terrorista. Nesse contexto, países como a China, o Brasil e, mais recentemente, a Índia, surgiram como grandes protagonistas. Visentini, em seu artigo “A África nas relações internacionais”, faz uma análise da evolução diplomática dos países africanos, desde o fim da Guerra Fria até a actualidade e mostra que as sociedades passam por um processo que se aproxima do atravessado por outras regiões do mundo, ou seja, a construção dos modernos Estados nacionais.

O fim da Guerra Fria e o avanço do processo de globalização redimensionaram as relações internacionais e atingiram os Estados mais fracos do planeta, sobretudo os africanos. A perda da importância estratégica que a África possuía enquanto vigorou aquele sistema, somada às mudanças estruturais que afectaram a economia mundial nas duas últimas décadas do século passado, e que continuam em progresso, são factores considerados relevantes.

Do ponto de vista económico, tirando a República da África do Sul e, em menor grau, a Nigéria, os Estados africanos são exportadores tradicionais de matérias-primas e produtos agrícolas, ou seja, são primário-exportadores. “Tudo isso leva a escassez de recursos por parte do Estado e, nesse contexto, a corrupção – quase epidémica na África – promove um desastre ainda maior. As elites africanas têm grande culpa por conta da desagregação social de seus países”, diz Penna.

Para o historiador da UFMT “a estrutura da economia mundial desenhada pelos países mais ricos acabou afectando o continente africano mas, nesse sentido, as consequências também foram globais”. Há ainda uma crítica muito forte ao proteccionismo e aos subsídios agrícolas praticados pela Europa e pelos Estados Unidos que ajudam a afectar o quadro económico africano. Esquecer que “a África foi partilhada pelos europeus no século XIX e que os actuais Estados africanos foram modelados pelos interesses europeus, que não levaram em consideração características étnicas e culturais regionais” é não dar visibilidade para as influências das relações internacionais no continente africano em diferentes épocas, que deixaram um legado comprometedor.

Conflitos recentes

O caso do Quénia revela uma face da política na África: a falta de democracia. Embora o quadro esteja começando a mudar, ainda é cedo para afirmar que os africanos aderiram convictamente à democracia. “A tendência é que o processo de violência seja contido. Mas ficou o alerta de que a tolerância com a falta de democracia e com as desigualdades sociais e regionais tem um limite”, diz Penna.

Já no caso do Sudão, Penna assusta-se em ver como a comunidade internacional tem deixado repetir um processo de genocídio perpetrado com a anuência do governo sudanês. “Daqui a pouco iremos assistir políticos ocidentais dizendo que não sabiam da gravidade do que estava acontecendo por lá, exactamente como ocorreu em Ruanda em 1994. Mas a verdade não é essa e todos sabem exactamente o que está acontecendo em Darfur”, acredita.


As lideranças regionais

A África do Sul emerge como uma nova liderança africana. Visentini explica que, governada por um vigoroso e internacionalmente legitimado movimento de libertação nacional anti-racista, com a emblemática figura de Nelson Mandela, a África do Sul voltou a se inserir política e economicamente na África, com capacidade de liderança, conhecimento do continente e uma rede de transportes e energia que a conectam directamente com a metade sul do continente. “Através da União Africana (UA), Pretória tem sido uma incentivadora de soluções africanas aos problemas africanos, inclusive com forças pan-africanas de interposição”, diz Visentini.

A África do Sul tem a economia mais avançada e diversificada da África e possui um regime democrático e uma estabilidade política pouco comum no continente, mas existem muitas divergências entre suas lideranças e as de outras partes do continente, principalmente quando o assunto é estabilizar regiões em conflito. A participação desse país ocorre no espaço da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Além disso, o papel da África do Sul no continente está directamente ligado à transição do apartheid para a democracia, sem que a violência tenha resultado numa guerra civil generalizada. “Papel central coube ao carisma e à liderança de Nelson Mandela como fonte de inspiração e reserva moral para todo o continente”, lembra Penna. O outro bloco regional mais activo em termos de segurança regional é a Ecowas, Comunidade dos Países da África Ocidental, que chegou a criar uma força regional de segurança chamada Ecomog e que actua em vários conflitos regionais. “A liderança, nesse caso, coube à Nigéria. Muito mais activa que a África do Sul”, diz.

Apoio internacional

Muitos organismos internacionais oferecem ajuda humanitária aos países africanos, mas esses auxílios e contribuições nem sempre são vistos de maneira positiva. Há críticas que ressaltam os prejuízos que a “ajuda” causaria, por reforçar a passividade, vir acompanhada de interesses geopolíticos e decisões externas, sem participação do povo africano, sobre onde, como e quando aplicar recursos. Para Vicentini, “seria melhor fornecer recursos à UA para que eles administrassem os recursos. Além disso, a ajuda tem uma visão distorcida dos problemas e suas causas”.

Já Penna considera fundamental o papel dos organismos internacionais, principalmente a Organização das Nações Unidas e diversas Organizações Não-Governamentais (como Médicos Sem Fronteiras, Human Rights Watch, Oxfam). “Sem elas a situação seria de abandono total para as pessoas que vivem nas zonas de conflito ou em regiões remotas onde o Estado é praticamente um ente desconhecido. Essas pessoas estariam abandonadas à própria sorte, ou melhor, à completa falta dela”, diz. Essas organizações preferem actuar directamente nas áreas onde cessou o conflito e que são mais carentes de suporte porque a credibilidade dos governos africanos é muito baixa ou quase nula. “A experiência recente indica que boa parte dos recursos que foram repassados para os governos africanos não foram aplicados de maneira correta, ou seja, em bom português isso significa que foram desviados. Dessa forma, existindo condições de segurança para as equipes de ajuda humanitária, elas se fazem presentes. E isso foi e continua sendo fundamental para milhares de pessoas que não podem contar com seus governos nacionais”, acredita.

Em busca de soluções

Os conflitos do continente africano suscitam questões relacionadas à sua resolução, mas não há um consenso entre pesquisadores sobre esse assunto. Visentini acredita que existam soluções a curto e médio-prazo, pelo menos para parte deles. Segundo ele, a mídia acompanha os conflitos que se agravam, mas silencia sobre os que são negociados ou solucionados. “Os africanos têm criado mecanismos próprios para a resolução de conflitos e se encarregado de várias forças de paz e negociações”, explica.

A Nova Parceria para o Desenvolvimento Africano (NEPAD), com recursos sul-africanos, nigerianos e líbios, possibilitará maior estabilidade económica e a geração de empregos e obras de infra-estrutura. Além disso, a associação com Índia, Brasil e China cria um contra-peso para que não haja excessiva interferência externa em problemas locais, geradores de conflitos. “A África ainda é parecida com a Europa dos séculos XVII e XVIII, quando se formavam os Estados nacionais, mas a integração em marcha (SADC, SACU, ECOWAS e outros) deve auxiliar o continente”, estima Visentini.

Já Penna avalia que dificilmente haverá uma solução em curto prazo para os conflitos africanos. “Embora aparentemente o pior já tenha passado, há ainda um longo caminho a ser percorrido para que esse quadro seja superado. Isso porque não se acaba com a pobreza, a miséria e as desigualdades sociais como num passe de mágica”, diz. O combate à corrupção é apontado como uma das posturas que as lideranças africanas precisam enfatizar. Com um sistema económico mundial que não colabora, a solução para os problemas africanos, para Penna, precisa vir da própria África, de suas lideranças e de seus povos, e de mudanças na forma como o mundo fora do continente africano relaciona-se com ele.

“É preciso que a dita comunidade internacional não deixe que situações controláveis como a de Ruanda voltem a acontecer. Em grande parte foi por inoperância da comunidade internacional, principalmente da ONU, que o genocídio em Ruanda ocorreu em 1994. Infelizmente essa é ainda uma incómoda realidade. Enquanto muito se discute na ONU muito pouco está sendo feito em termos práticos para estancar de vez um novo genocídio que vem ocorrendo na actualidade na região de Darfur, no Sudão. É preciso, portanto, agir. Para isso falta o que chamamos de vontade política”, finaliza.

As análise sobre os conflitos africanos, por sua vez, devem levar em conta a multplicidade de factores e suas diversas composições. Os conflitos afectam a vida das pessoas em múltiplos aspectos, tanto para aqueles que permanecem em suas terras, quanto para aqueles que são forçados a se deslocar.
Nereide Cerqueira-ComCiência.

Fonte: http://www.africanidade.com/articles/754/1/Conflitos-africanos-envolvem-mAltiplos-factores-/Paacutegina1.html

Atuais conflitos na África - Dica de site

Um site muito interessante, e que faz uma abordagem muito coesa, mas extremamente bem elabora. Abrange a maioria dos conflitos africanos atualmente, representando com mapas, imagens e textos simples e de fácil entendimento.

http://www.washingtoncandido.com.br/blog/?p=312

Conflitos na África

A análise dos motivos que desencadeiam os conflitos armados no continente africano necessita de uma abordagem histórica, pois o processo de colonização e independência dos países africanos interferiu diretamente na organização social da população. A intervenção colonialista, principalmente no fim do século XIX e início do século XX, modificou a estrutura organizacional dos grupos étnicos africanos.

Durante a ocupação dos europeus na África, a divisão territorial do continente teve como critério apenas os interesses dos colonizadores, não levando em conta as diferenças étnicas e culturais da população local. Diversas comunidades, muitas vezes rivais, e que, historicamente viviam em conflito, foram colocadas em um mesmo território, enquanto que grupos de uma mesma etnia foram separados.

Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1945), iniciou-se o processo de independência dos países africanos, no entanto, parte das fronteiras estabelecidas pelos colonizadores foi mantida, como também, novos países foram criados. Em consequência disso, vários conflitos armados entre diferentes grupos étnicos pela disputa do poder, surgiram no interior desses novos Estados.

Além da rivalidade étnica, outros fatores intensificaram os conflitos, entre eles estão: o baixíssimo nível socioeconômico de muitos países e a instalação de governos ditatoriais. Estados Unidos e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas contribuíram para os confrontos entre as diferentes etnias. As duas potências, visando ao aumento de sua influência política, econômica e ideológica no continente africano, forneceram armas e apoio financeiro aos grupos rivais dentro de um mesmo país.

Entre os principais conflitos na África estão os que acontecem em Ruanda, Mali, Senegal, Burundi, Libéria, Congo e Somália (conflitos étnicos). Outros, por disputas territoriais, como, Serra Leoa, Somália e Etiópia, e também por questões religiosas, como o que acontece na Argélia e no Sudão. Entre tantas políticas ditatoriais instaladas, a que teve maior repercussão foi o Apartheid, na África do Sul - política de segregação racial que foi oficializada em 1948, com a chegada do Novo Partido Nacional (NNP) ao poder.

Nesse cenário de violência, torna-se importante a atuação de Organizações Não Governamentais (ONGs) em operações humanitárias, dando auxílio imediato às populações civis ameaçadas. No entanto, deve haver a contribuição de países desenvolvidos no processo de pacificação e auxílio nos aspectos socioeconômicos (AIDS, fome, economia, saúde, etc.) dos países africanos. 

Fonte: http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/os-conflitos-na-africa.htm

Neocolonalismo em Vídeo

Alguns vídeos sobre o Neocolonialismo, em destaque a África.

Neocolonialismo

Aula de Neocolonialismo - Parte I

Aula de Neocolonialismo - Parte II

O Neocolonialismo e a exploração da África

A industrialização do continente europeu marcou um intenso processo de expansão econômica. O crescimento dos parques industriais e o acúmulo de capitais fizeram com que as grandes potências econômicas da Europa buscassem a ampliação de seus mercados e procurassem maiores quantidades de matéria-prima disponíveis a baixo custo. Foi nesse contexto que, a partir do século XIX, essas nações buscaram explorar regiões na África e Ásia.

Gradativamente, os governos europeus intervieram politicamente nessas regiões com o interesse de atender a demanda de seus grandes conglomerados industriais. Distinto do colonialismo do século XVI, essa nova modalidade de exploração pretendia fazer das áreas dominadas grandes mercados de consumo de seus bens industrializados e, ao mesmo tempo, pólos de fornecimento de matéria-prima. Além disso, o grande crescimento da população européia fez da dominação afro-asiática uma alternativa frente ao excedente populacional da Europa que, no século XIX, abrigava mais de 400 milhões de pessoas.

Apesar de contarem com grandes espaços de dominação, o controle das regiões alvo da prática neocolonial impulsionou um forte acirramento político entre as potências européias. Os monopólios comerciais almejados pelas grandes potências industriais fizeram do século XIX um período marcado por fortes tensões políticas. Em conseqüência à intensa disputa dos países europeus, o século XX abriu suas portas para o primeiro conflito mundial da era contemporânea.

Somado aos interesses de ordem político-econômica, a prática imperialista também buscou suas bases de sustentação ideológica. A teoria do darwinismo social, de Hebert Spencer, pregava que a Europa representava o ápice do desenvolvimento das sociedades humanas. Em contrapartida, a África e a Ásia eram um grande reduto de civilizações “infantis” e “primitivas”. Influenciado por esse mesmo conceito, o escritor britânico Rudyard Kipling defendia que o repasse dos “desenvolvidos” conceitos da cultura européia aos afro-asiáticos representava “o fardo do homem branco” no mundo.

Com relação à África, podemos destacar a realização da Conferência de Berlim (1884 – 1885) na qual várias potências européias reuniram-se com o objetivo de dividir os territórios coloniais no continente africano. Nessa região podemos destacar o marcante processo de dominação britânica, que garantiu monopólio sob o Canal de Suez, no Norte da África. Fazendo ligação entre os mares Mediterrâneo e Vermelho, essa grande construção foi de grande importância para as demandas econômicas do Império Britânico. Na região sul, os britânicos empreenderam a formação da União Sul-Africana graças às conquistas militares obtidas na Guerra dos Bôeres (1899 – 1902).

Na Índia, a presença britânica também figurava como uma das maiores potências coloniais da região. Após a vitória na Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763), a Inglaterra conseguiu formar um vasto império marcado por uma pesada imposição de sua estrutura político-administrativa. A opressão inglesa foi alvo de uma revolta nativa que se deflagrou na Guerra dos Sipaios, ocorrida entre 1735 e 1741. Para contornar a situação, a Coroa Inglesa transformou a colônia indiana em parte do Império Britânico.

Resistindo historicamente ao processo de ocupação, desde o século XVI, o Japão conseguiu impedir por séculos a dominação de seus territórios. Somente na segunda metade do século XIX, que as tropas militares estadunidenses conseguiram forçar a abertura econômica japonesa. Com a entrada dos valores e conceitos da cultura ocidental no Japão, ocorreu uma reforma político-econômica que industrializou a economia e as instituições do país. Tal fato ficou conhecido como a Revolução Meiji.

Com tais reformas, o Japão saiu de sua condição econômica feudal para inserir-se nas disputas imperialistas. Em 1894, os japoneses declararam guerra à China e passaram a controlar a região da Manchúria. Igualmente interessados na exploração da mesma região, os russos disputaram a região chinesa na Guerra Russo-Japonesa, de 1904. Após confirmar a dominação sob a Manchúria, os japoneses também disputaram regiões do oceano Pacífico com os EUA, o que acarretou em conflitos entre essas potências, entre as décadas de 1930 e 1940.

Outras guerras e conflitos foram frutos do neocolonialismo. Entre elas, podemos inclusive destacar a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Por fim, percebemos que a solução obtida pelas nações industriais frente à questão de sua superprodução econômica teve conseqüências desastrosas. O imperialismo foi responsável por uma total desestruturação das culturas africanas e asiáticas. Na atualidade vemos que as guerras civis e os problemas sócio-econômicos dessas regiões dominadas têm íntima relação com a ação imperialista.

Fonte: http://www.brasilescola.com/historiag/neocolonialismo.htm

Aspectos Naturais do Continente Africano

Aspectos Naturais do Continente Africano 

Com 30.227.647 Km2, o continente africano é o 2º maior em extensão territorial do mundo, suas terras se estende pelos Hemisfério Norte e Hemisfério Sul. Seu limite litorâneo é banhado a leste pelo oceano Indíco, a oeste pelo oceano Atlântico, além do mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. O Estreito de Gilbraltar e o Canal de Suez facilitam a passagem da África para a Europa e para a Ásia.
O continente africano é comumente dividido entre duas porções; a setentrional ou mediterrânea, que vai do Saara Ocidental, passando por Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia e Egito e a porção sul ou Subsaariana. Como visto o maior deserto do mundo, o Saara, se tornou um divisor natural do continente.
O seu relevo é predominantemente planáltico, merecem destaque o Monte Toubkal no Marrocos com 4.167 m, a Cadeia do Drakensberg na África do Sul com 3.482 m, os picos do Quênia chegando a 5.199 m e do Quilimanjaro (Tanzânia) com 5.896 m. As planícies litorâneas ocorrem junto aos vales dos rios de Benin, Nigéria, Gana e Togo.  Os rios caudalosos e em relevo acidentado são mais utilizados para a produção de energia hidráulica. Destacam-se os rios Nilo, Congo, Zambeze, Níger e Limpopo.
O clima tropical (quente e pouco chuvoso) predomina no continente, mas há ainda o semiárido, o desértico, o mediterrâneo e o frio de montanha nos montes Quilimanjaro e Quênia. O continente também abriga os desertos do Saara (o maior do mundo) e o Kalahari. As savanas é a vegetação em destaque do continente por permitir a circulação de grandes animais em meio a árvores e arbustos separados e vegetação rasteira.
Em consequência da formação geológica, o continente africano possui riquezas minerais em seu subsolo como o petróleo e o gás natural, diamante, cobalto, cobre, ferro, manganês, ouro e platina. Angola, Camarões, Chade, Congo, Guiné Equatorial, Gabão e Nigéria são os principais responsáveis pelo crescimento econômico do continente, pois são os países maiores exportadores de petróleo.

Fonte bibliográfica:
Atlas Geográfico Escolar, São Paulo, Editora IBEP
Coleção Geografia sem Fronteiras – África: Horizontes e Desafios no Século XXI. Pemaforte, Charles; Editora: Atual